quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O Talento de Nô Stopa


                                                                                                 Edição e revisão: Marsel Botelho
                                                                                                            


                                                                                          
                                                                                   O palco é seu habitat, é lá que ela nos emociona com sua voz 


Nascida Aniela Stopa Juste, ganhou da irmã Gija o apelido que a consagraria como artista: “Nô Stopa”, que tem em seu DNA a poesia do cantor e compositor mineiro Zé Geraldo e a melodia clássica do piano de Maria Izilda, sua mãe. O seu terceiro álbum, “Manifesto Poesia”, sobe ao palco do “Talento MPB”, hoje, na esquina mais famosa de São Paulo, no Bar Brahma. A arte sempre esteve presente na vida da pequena “Nô”: para curar-se de uma bronquite, foi apresentada à acrobacia, arte do controle e do equilíbrio, que remonta aos espetáculos da Antiga Grécia. Da acrobacia para a ginástica artística, apenas um piscar de olhos: foi ginasta dos 11 aos 16 anos, até descobrir a magia do circo com os Irmãos Fratelli. O picadeiro foi seu primeiro palco. Do circo para a dança, seu lado estético e artístico falou mais alto: viajou o país inteiro com os festivais e descobriu que para dançar era preciso musicalidade. E eis que a música plenificou sua vida, tornando-se onipresente: nos afazeres domésticos, lavando louça, e cantarolando, aconteceram os versos que seriam sua primeira canção: "Leve" nascia.

 O CD, “Manifesto Poesia”, apresenta dez faixas e foi produzido por Fernando Anitelli. Modernos arranjos fazem uma bela junção entre voz, versos e os movimentos melódicos, concepção artística em comunhão com a banda (formada por Nô e Anitelli), além dos músicos Zeca Loureiro (guitarra e violão aço), Sérgio Carvalho (baixo), Guilherme Ribeiro (teclado) e Gustavo Souza (bateria e percussão). Na primeira canção, “Do que é feito o poema” (Nô Stopa/Fernando Anitelli), a artista divide os vocais com Anitelli. A parte percussiva da canção ainda acrescenta uma máquina de escrever. A participação especial do pai, Zé Geraldo, declamando o poema "Obra" de Marco Aurélio Cremasco, enriquece a bela canção. Em “Segue” (Tata Fernandes/Nô Stopa/Fernando Anitelli), ouve-se uma cantora que se expressa com a sutileza de quem conhece profundamente seu ofício. “Poesias feitas de concreto/Concreto ponto de vista/De bem com a vida, eu contesto/Manifesto Poesia”, diz a letra da canção, que dá título ao álbum, “Manifesto Poesia” (Nô Stopa/Roger Menn). Vale ouvir a sonoridade produzida pelos instrumentos “vintage vibe 64” e “mini moog”. Em “Leve minha asa”, a cantora assina poesia e música, demonstrando honrosamente a tradição familiar na nossa eterna MPB. Mais uma canção assinada pela artista, “Rua do jardim da vida inteira”, tem destaque para o clarinete de Simone Juliam. A canção “Próxima estação” (Roberta Campos/Nô Stopa) penetra intensamente o coração, levando-nos a passear pela selva de pedra, São Paulo: as amigas Roberta e Nô dividem os vocais da canção, que é um cartão postal musicado. Para finalizar a audição, ouviremos “Tô na tua” (Alexandre Lima/Tamy/Nô Stopa), “Sala de Estar” (Nô Stopa/Kleber Albuquerque) e encerraremos com “Canto do povo do mar de Minas” (Kleber Albuquerque), onde todos que participaram da gravação se unem num coro magnífico, em clima de festa.

"Manifesto Poesia", Talento MPB. Bar Brahma – Avenida São João, 677, Centro, São Paulo.

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