O poeta das noites enluaradas
Situada
na região do Vale do Jequitinhonha, nordeste do Estado de Minas Gerais, a cidade
de Pedra Azul é realmente um polo cultural fortíssimo e exportador de talentos,
como esse no qual mergulharemos hoje: Paulinho Pedra Azul, poeta, cantor,
compositor, escritor, artista plástico e um ser humano acima da média. Comemorando
35 anos de carreira, literalmente independente, e 60 anos de vida, o menino que
deixou Pedra Azul (MG) para viver de arte contabiliza: vinte e cinco CDs, sendo
três lançados por grandes gravadoras e vinte e dois pelo seu próprio selo,
Clave de Lua, totalizando mais de 500 mil cópias vendidas. Paulinho nunca
participou de nenhum edital para fazer seus CDs: ele o faz com o suor do seu
trabalho, que é cantar sua verdade. Como poeta e escritor, foram dezessete
livros de poesias e um diário (Delírio Habanero, escrito em Havana – Cuba).
Tendo, também, em seu currículo, inúmeras telas que expressam sua singular
emoção.
Paulinho
é um artista de múltiplas facetas; um artesão; um boêmio das noites enluaradas;
uma voz que canta Godofredo Guedes; um embaixador do Vale do Jequitinhonha. Seu
álbum de estreia pela gravadora RCA já é o bastante para revelar o magnífico poeta
e compositor de “Jardim da Fantasia”, mais conhecida como bem-te-vi, e, hoje,
consagrá-lo: essa canção é um hino ao amor, cuja beleza bucólica de seus versos
nos traz elementos pastoris, campestres, um contraponto estético entre o campo
e a cidade grande: “Bem-te-vi, bem-te-vi/Andar por um jardim em flor/Chamando
os bichos de amor/Tua boca pingava mel.” Nesse LP/CD, Paulinho ainda gravou
músicas que se tornaram clássicas e que não podem faltar em seu repertório de
apresentações: a exemplo de “Ave Cantadeira” (PPA), ”Pobre Bichinho” (Fagner), “Valsa
do Desencanto” (PPA). “Voarás” (Paulinho Pedra Azul, cuja gravação original
teve a participação especial da cantora Diana Pequeno), “Nascente” (Flavio
Venturini/Murilo Antunes), “Cortinas de Ferro” (PPA), “Jequitinhonha” (Lery/Paulinho
Assunção), “Cantar” (Godofredo Guedes), “Vagando” (PPA), “Ave Cantadeira” (PPA).
Para
comemorar os seus 60 anos de vida (bem vividos), o artista havia pensado,
anteriormente, em lançar três CDs, com 20 canções cada um, músicas que
consolidaram sua fantástica carreira artística e que integram, até os dias
atuais, outros 60 CDs de amigos. Com a mudança do projeto do triplo CD,
Paulinho colocou 60 nomes de artistas com os quais trabalhou em um saco de
papel e foi tirando, um a um, até completar 20 nomes, resultando o CD dos 35
anos: “Quando canto em São Paulo é como se eu estivesse saindo da barriga da
minha mãe e cantando os primeiros acordes vocais. É a sensação mais gostosa que
um cantor pode sentir. É minha segunda casa. Minha segunda paixão. Onde me
tornei profissional da música e sobrevivi com dignidade. São Paulo é a linha
umbilical das minhas composições. Sou grato demais por isso!” Diz o poeta, que
estará de volta à terra da garoa, nesta quarta-feira,
dentro do projeto “Talento MPB”. Bar Brahma – Avenida São João, 677, Centro,
São Paulo.
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