quarta-feira, 12 de julho de 2017

Pêndulo


Edição e revisão: Marsel Botelho







                                                                            A arte da reflexão pela arte de cantar



Dois anos após escrever sobre o CD “Liberdade Aparente” do músico, compositor e cantor paulistano Márcio Lugó, chega em minhas mãos seu terceiro álbum, intitulado “Pêndulo”, com 8 faixas: o disco foi produzido em parceria com Rafa Moraes. O artista continua trabalhando temáticas reflexivas com muita consistência, que encontram um lugar especial na vida de cada ser humano, trazendo às coisas quotidianas sua rica poética, repleta de uma sensibilidade que o identifica como artista e que se tornou sua marca registrada.

Além do CD físico, seu trabalho pode ser encontrado nas principais plataformas digitais. Não é fácil tocar uma carreira independente em um país onde a grande mídia mais se propõe a lucrar rápido e em grande escala, esquecendo-se de que a música é mais que grana, é parte viva dentro de nós, capaz de nos fazer acessar os sentimentos mais íntimos e belos em cada memória musical que carregamos. Márcio Lugó é um jovem que tem dado braçadas fortes nesse mar revolto de som e de poesia que traz consigo: uma essência que o move e nos comove.

Lugó convida à reflexão em “Ainda é Pouco” (Márcio Lugó/Humaire), acompanhado de seu violão, da guitarra e do baixo de Rafa. As palavras se cruzam na busca dos sinais das certezas e incertezas: “Ainda é pouco/São todos os sinais/Ainda é pouco/Além de dois existe mais...” Em seguida, um diálogo entre o violão de Lugó e o “cello” de Camila Hessel eterniza o poema “Da Vida”, parceria com Paulo César de Carvalho: “Em quanto tempo seca o lago desse olhar/Em quanto tempo cessa a promessa de chegar/Ou de partir, talvez ficar?/Na vida...” Em “Amanhecer” (Márcio Lugó/Andrei Furlan), o artista canta sentimentos, desejos de encontrar o amor no primeiro olhar. A canção vai identificar quantos de nós já foram fisgados por um olhar que não nos nota. Na primeira das duas canções que assina música e letra, o cantor faz um exame fatal, e diz: “Ninguém é igual a Ninguém.”

Quando o tema são os desencontros, o artista adverte: “Você vai perceber/Não tô com você/Mas não tô brigado/Não tô com ninguém/Nem desacompanhado”: o nome da canção é “Passe bem” (Márcio Lugó/Paulo César de Carvalho). A atual situação política em que o País se encontra é retratada pelo artista em uma metáfora “sui generis”: “O Sobrevivente” (M.L). Em “Pequenas Intenções” (Márcio Lugó/Paulo César de Carvalho), revelam-se os relacionamentos amorosos. Lugó trouxe elementos percussivos eletrônicos que dialogam com seu violão, enquanto Rafa traz a magia da guitarra e dos baixos. O “cello” de Camila Hessel brilha em especial. Nas redes sociais, seu público cresce a cada dia, juntamente com sua agenda, prova de que sua música segue na medida e no equilíbrio das metáforas e das melodias, dando densidade e volume ao seu criterioso trabalho.

Este é o segredo: acreditar que o “Pêndulo” demarca um novo caminho, fio condutor da arte que o mantém vivo, como o sangue que corre nas veias desse jovem artista. Para finalizar essa audição (que recomendo), “Poesia Digital”, cuja composição foi baseada na obra de Paulo Aquarone. Para saber mais, acesse www.marciolugo.com  


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