terça-feira, 20 de junho de 2017

O forasteiro chegou

Edição e revisão: Marsel Botelho






                                                                      Um forasteiro de melodias e poemas invade sua cidade





Depois de uma longa espera, entre a campanha de financiamento coletivo, mixagens e masterização, o “Forasteiro” chega com 10 canções em sua mala de viagem: assim como um bom caixeiro-viajante, Lencker nos oferece melodias moduladas por instigantes poemas perpassados por uma delicada inquietude existencial e artística. Esse primeiro álbum, cujo lançamento e distribuição têm o selo de qualidade Kuarup, surpreende. O jovem compositor e cantor paulistano Lencker tem em seu DNA o código musical que vem se perpetuando por gerações, desde o saudoso Zé Menezes (1921-2014), tio-avô do artista, consagrado maestro e compositor, que tem seu nome associado a grandes produções de época. O garoto Lencker começou a compor e a tocar aos 14 anos: nesse período, suas audições foram enriquecidas por um multiculturalismo que toma fôlego e asas na poesia de Patativa do Assaré e vai espraiando-se em um turbilhão de ritmos: o canto sem palavras dos aboios da tradição dos vaqueiros, a força do gênero literário dos cordéis entoados, passando pelos matizes e as doçuras do “jazz”.

O artista está pronto para colocar o pé na estrada e mostrar aos quatros cantos deste país o diálogo sonotécnico que desenvolve com o “jazz”, a música erudita e o baião, autenticando o título “Forasteiro”, que dá nome ao CD, ao deixar claro que quer fazer seu próprio destino e que sabe exatamente onde quer chegar. Neste CD de estreia, Lencker contou com a participação dos músicos Mestrinho e Ricardo Herz, além do compositor Daniel Conti e da cantora Bruna Moraes.
A faixa título “Forasteiro” (Lencker/Camila de Oliveira) abre esse precioso trabalho, com participação especial do sanfoneiro Mestrinho: a letra conta a história de desbravadores que atravessaram o país, conquistando amores por ondem passaram. Em “Tirano” (Lencker/Camila de Oliveira), mais uma vez Mestrinho imprime força melódica marcante no contraponto com o piano de Lautaro Michaux.

Lenker convida Bruna Moraes para cantar “Amuleto” (Lenker/Camila de Oliveira): um belo dueto emoldura o arranjo de cordas. A tecnologia é tema do “Baião digital” (Lencker/Camila de Oliveira): o violino de Ricardo Herz destaca-se. A letra inteligente de Camila traz o velho baião para o mundo tecnológico. No belo samba “Clara” (Lencker/Camila de Oliveira), cria-se, num fundo musical, uma sonoplastia de cenário de partida de futebol rolando baixinho. Em “Deu Jazz” (Lencker/André Fernandes), destaque para a introdução do trompete de Natan Oliveira, ao coro de Lá Souza e para as irmãs Estela e Eloiza Paixão “quebrando tudo”. Um conjunto de vozes dá as boas-vindas ao canto e violão de Lencker na poética “Eu Só” (Lencker/Alemcka), candidata a melhor canção do disco. “Nano” (Lencker/Camila de Oliveira/Cris Rangel): a tópica da tecnologia domina o tema. Com participação especial de Daniel Conti e quarteto de cordas, ouviremos “Vazante” (Lencker/Bruna Moraes). Fechando o álbum, “Oferenda” (Lenker/Hellen Hissa). O artista lança o CD “Forasteiro” dentro do Projeto “Talento MPB”, nesta quarta-feira, às 21 horas, no Bar Brahma. Avenida São João com a Ipiranga.

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