Edição e revisão: Marsel Botelho
Breno não é deste tempo, ele é passado e futuro. Sua música é atemporal
A
imersão que iremos fazer neste ribeirão sonoro-poético, devolve-nos a alegria e
a certeza de que música e poesia não devem ser separadas, assim como pétala e
flor. O jovem pianista Breno Ruiz, no auge de seus 34 anos, criador e iconoclasta,
dá vazão à sua inquieta sonoplastia e nos apresenta o CD “Cantilenas
Brasileiras”, concebido em parceria com o poeta carioca Paulo Cesar Pinheiro:
são 12 temas a desvendar a cada audição. Trata-se de música atemporal,
resgatada das entranhas do seu ser em constante troca de emoção com seu estar
no mundo. Gravado na Gargolândia e estúdio Dançapé, o disco levou 5 anos para
ser mixado e masterizado. Breno teve a companhia de respeito dos músicos e
amigos Pedro Alterio (violão), Neymar Dias (baixo acústico, viola caipira),
Gabriel Alterio (bateria, percussão) e Igor Pimenta (baixo acústico) e as participações
especiais de Mônica Salmaso (voz) e Renato Braz (voz, percussão, efeitos,
flautas).
Ao
toque de caixa e um piano com respiração pulsante, Breno exalta a voz que já
nasceu com identidade de tom e timbre. Abrindo essa audição, ouve-se “Marinheiro
do Mar”. A poesia de Cezar Pinheiro encontrou abrigo certo nas melodias de Ruiz:
melodias vestidas de fino linho, cerzidas com a linha de um horizonte sem fim,
deixando antever o verso que sua voz eternizará. “Estrela Branca” é um lundu e
sua viçosa melancolia nos envolve e nos alerta para aquela fria manhã de
domingo tentando alcançar a luz. “Flor Lilás” é um chorinho e nos remete aos
eternos anos dourados, regados por serenatas e belas jovens nas janelas. A
primeira participação especialíssima é da cantora Mônica Salmaso, que, juntamente
com Ruiz, canta os versos do “Choro Bordado”. A sequência apresenta três lundus,
cuja temática poética é distinta em cada um deles. Paulo Cesar Pinheiro nos
convida ao passeio pelo século XIX, onde a música foi pensada. Ouvem-se “Dança
de Mucama”, “Roxinha”, “Donana”. A história do pianista e poeta começa há doze
anos, quando Paulo Cezar Pinheiro, importante letrista, de prestigiosa carreira
consolidada, ouviu o pianista, compositor e cantor Breno. O resultado logo se
deu na bela composição “Cantilenas” e muitas outras estão por vir a cada nota
do pianista, a cada nova canção vinda ao mundo pelas mãos de Breno.
“Caçada
de Onça” tem uma dinâmica muito interessante e nos faz seguir a trilha do
felino mata adentro. “Modinha Triste” tem a participação especialíssima do
cantor Renato Braz, que, junto ao novo parceiro, entoa lindamente a canção.
“Cantinela Sertaneja” é uma modinha, nela o artista desfila sentimentos para
toda e qualquer paixão. “Em “Viola do Bem Querer”, novamente a voz de Renato
Braz se faz presente e ambos buscam a harmonia nas cordas da viola. Fechando
esse mergulho repleto de saudade, de aromas e sabores da infância, ouviremos
uma das mais belas canções deste CD dedicado a música brasileira, “Roseira”.
Breno é fogo no inverno, a brisa mansa no verão e a melodia dentro da canção, o
novo de ontem, de amanhã e sempre.
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